A história do álcool - como começou o uso das substâncias psicoativas em nosso país



Quando os portugueses chegaram ao Brasil, no início da colonização, descobriram o costume indígena de produzir e beber uma bebida forte, fermentada a partir da mandioca, denominada cauim. Ela era utilizada em rituais, em festas, portanto, dentro de uma pauta cultural bem definida. Os índios usavam também o tabaco, que era desconhecido dos portugueses e de outros europeus. No entanto, os portugueses conheciam o vinho e a cerveja e, logo mais, aprenderiam a fazer a cachaça, coisa que não foi difícil, pois para fazer o açúcar a partir da cana-de-açúcar, no processo de fabricação do mosto (caldo em processo de fermentação), acabaram descobrindo um melaço que colocavam no cocho para animais e escravos, denominado de “Cagaça”, que depois veio a ser cachaça, destilada em alambique de barro e, muito mais tarde, de cobre.
A cachaça é conhecida de muito tempo, desde os primeiros momentos em que se começava a fazer do Brasil, o Brasil. O açúcar, para adoçar a boca dos europeus, como disse o antropólogo Darcy Ribeiro, da amargura da escravidão; a cachaça para alterar a consciência, para calar as dores do corpo e da alma, para açoitar espíritos em festas, para atiçar coragem em covardes e para aplacar traições e ilusões. Para tudo, na alegria e na tristeza, o brasileiro justifica o uso do álcool, da branquinha à amarelinha, do escuro ao claro do vinho, sempre com diminutivos.

Qual é o lugar do álcool e das outras drogas em nossa cultura?

Veja no quadro abaixo o que dizem a respeito desse assunto dois importantes pensadores da cultura ocidental:

“Parece improvável que a humanidade em geral seja algum dia capaz de dispensar os “paraísos artificiais”, isto é, ... a busca de auto transcendência através das drogas ou... umas férias químicas de si mesmo... A maioria dos homens e mulheres levam vidas tão dolorosas - ou tão monótonas, pobres e limitadas, que a tentação de transcender a si mesmo, ainda que por alguns momentos, é e sempre foi um dos principais apetites da alma.” (Aldous Huxley, escritor inglês)

“Porque os homens são mortais e não podem se habituar a essa idéia, o néctar e a ambrosia são fantasmas encontrados em todas as civilizações. Plantas mágicas, bebidas divinas, alimentos celestiais que conferem imortalidade, as invenções são múltiplas e todas, na falta de sucessos práticos, expressam e traem o terror diante da inevitável necessidade”. (Michel Onfray, filósofo francês)

Não depende sempre da vontade o desejo de beber, pelo menos em muitos casos. Antes, é uma imposição; um estranho e imperioso chamado como a suavidade do canto de sereia que encanta, enfeitiça e enlouquece. Mas, nada é tão simples assim, a bebida está bem entranhada na cultura brasileira. O ato de beber faz parte da nossa maneira de ser social. Sendo assim:

Cada povo, cada grupo social, cada pessoa tem a sua condição de responder a determinados estímulos produzidos em seu meio, ou externos a ele. Em outros termos, podemos dizer que temos uma pauta cultural em que as coisas são normalmente dispostas. Por exemplo, o licor na festa de São João, o vinho no Natal, a cerveja no carnaval e assim por diante, não que sejam exclusivas, mas as mais representativas de cada uma dessas festas.
A cachaça é uma bebida forte e íntima da população. Tem baixo custo e, com pouco dinheiro, pode-se beber o suficiente para perturbar a si e aos demais que estiverem à sua volta.

É a forma social e individual de beber que está em jogo, quando se fala em consumo de álcool, já que há uma larga disposição social para consumí-lo na formas das mais diversas bebidas - destiladas ou fermentadas, fortes ou fracas.

É preciso ver o álcool no conjunto da vida social e não só na das pessoas, e sobretudo, não só em si mesmo, como muita gente o faz, ou seja, considera o álcool um agente autônomo e o culpa por suas conseqüências, como se fosse um ser animado que agisse por conta própria. No sentido oposto, é preciso ver a disposição social para o consumo de drogas e se perguntar: por que as pessoas procuram as drogas? Por que as pessoas bebem? E, também perguntar: se usam drogas, e dentre elas o álcool, por que as consomem desta ou daquela maneira? Moderada ou abusivamente?
Por que será que sob o efeito da mesma quantidade de álcool, algumas pessoas ficam alegres, outras ficam agressivas ou mesmo violentas? Por que será que um derivado opióide como a meperidina, por exemplo, para algumas pessoas é apenas um analgésico potente e para outras, além desse efeito, é uma fonte de prazer a ser buscada de forma repetida?

E ainda: por que uma mesma pessoa sente de maneira diferente os efeitos de uma mesma droga, em diferentes circunstâncias e contextos?
O que se pode concluir daí, e que tem sido apontado por estudiosos do assunto, é que os efeitos de uma droga dependem de três elementos:

* Suas propriedades farmacológicas (excitantes, depressoras ou perturbadoras);
* A personalidade da pessoa que a usa, suas condições físicas e psíquicas, inclusive suas expectativas;
* O conjunto de fatores ligados ao contexto de uso dessa droga, tais como as companhias, o lugar de uso e o que representa esse uso socialmente.

O alcool é:
A droga mais consumida no Brasil;
A droga mais relacionada a danos diretos e indiretos à saúde da população;
A droga mais negligenciada, do ponto de vista das práticas preventivas, diagnósticas e de tratamento pelos profissionais de saúde.


Fonte: SUPERA


Basta ver as noticias vinculadas pela TV, rádio e jornais, quantas pessoas famosas, autoridades, pessoas comuns tendo a vida, carreira, famílias, etc sendo destruidas pelas drogas; mas principalmente pelo alcool que é uma substancia que tem um alto indice de tolerancia social.

Comentários

Anônimo disse…
O alcool é uma droga que só deve ser consumida para quem sabe beber, ela deve ser fonte de prazer e descontração e não utilizada pra esquecer problemas, porque você pode até esquecer naquele momento mais outros piores surgiram. O alcool é problema da saúde publica e o governo tem que aposta mais em medidas preventivas e de reabilitação para os que necessitam.